Copa para todos

Por Juliana Passos

Foi uma vergonha só, ou uma fiasqueira, como se diz no sul. Uma coreografia desencontrada, música estranha, o tão anunciado chute inicial dado por um homem paraplégico foi deixado de lado e teve aquele penalti inexistente. Para lembrar que não foi só na abertura que a Copa do Mundo fez muito fiasco, moradores da Favela do Moinho – localizada na região central da cidade de São Paulo – organizaram em conjunto com o Comitê Popular da Copa uma festa junina na comunidade.

Com bom humor e sem esquecer do jogo, é claro, foram montadas diversas brincadeiras. A boca do palhaço virou o “Cala a boca, Galvão”, no tiro ao alvo as cores remetiam a três empreiteiras responsáveis pela construção dos novos estádios. O maior número de pontos foi para Odebrecht, considerada pela Bloomberg a maior vencedora da Copa. A companhia recebeu 1,5 bilhão de reais para construir e reformar estádios, como o Itaquerão, ainda não concluído.

O jogo de boliche foi composto por integrantes da Fifa e dois pinos foram dedicados ao Choque da Polícia Militar. A PM não brincou em serviço, e pela manhã cercou a manifestação organizada pelos metroviários paulistanos pela readmissão dos trabalhadores demitidos durante a greve. Com bombas de gás lacrimogéneo e ameaças de prender todos os manifestantes, a polícia conseguiu desmobilizar o ato, suspenso pela liderança do sindicato. Durante à tarde prendeu usuários que realizaram catracaço em linhas da zona leste.  A mesma PM tem sido presença constante na Favela do Moinho para intimidação de moradores, especialmente após a derrubada do ‘muro da vergonha’, construído para evitar o crescimento da comunidade.

No  segundo andar do centro de convivência foi montado o telão para o jogo. Ao som das vuvuzelas proibidas nos estádios, a torcida vibrava com os gols. Na calçada, projeções lembravam que 168 mil ambulantes impedidos de trabalhar nas proximidades dos estádios, os despejos ocorridos e os trabalhadores mortos em serviço.

copamoinho4

DSCF7692

copamoinho3

copamoinho1

 

Deixe um comentário