(Re)descobrindo as áreas verdes urbanas por meio de vivências na natureza

Podemos e devemos (!) ocupar o território de nosso entorno, de diversas formas, seja nas áreas ‘concretadas’ ou nas áreas verdes, verdadeiros refúgios, como parques, praças e até unidades de conservação inseridas nas cidades. Ocupar significa ‘apropriar-se’, com cuidados de conservação, carinho e reconhecimento; dessa forma, o vandalismo, por exemplo, pode ser um pouco freado.

Mesmo na área urbana necessitamos (re)descobrir as áreas verdes, tão importantes para nossa sobrevivência, sejam praças, parques, jardins ou até árvores plantadas nas calçadas, que nos ofertam conforto térmico, frutos e belas flores com seus perfumes, atração de fauna, como pássaros e insetos, e nos permitem ‘fugir’ do caos cotidiano, em um processo de ‘esvaziar’ a mente de situações negativas, florescendo, assim, boas sensações e ações de bem-estar e qualidade de vida.

Experiências diretas em áreas verdes nos proporcionam sensação de bem-estar, afloram nossos sentidos e percepções, tornando nossas vidas particulares e coletivas mais dinâmicas, intuitivas, altruístas e conectadas com outras pessoas e outros seres vivos, como as plantas, animais e fungos, em uma rede equilibrada de ciclos, belezas, benfeitorias e respeito mútuo, além de aprendizado sobre as características da área.

O importante é curtir, repensar, planejar-se e/ou…silenciar, experienciar, divertir-se, aprender, vivenciar, relaxar e interiorizar boas vibrações vindas dos recantos, cantos e encantos da natureza!

 Áreas de proteção ambiental, como Unidades de Conservação, são refúgios com visitação controlada (acesso permitido com guias ambientais apenas) em que há nascentes de rios, fauna e flora exuberantes e belas paisagens. Como dica, perto de nós, no Grande ABC/SP, há em Santo André, o ‘Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba’, na Vila de Paranapiacaba, composto pelo bioma Mata Atlântica e nascentes que formam a represa Billings, que abastece a região metropolitana de São Paulo. Vale visitar qualquer uma dessas áreas protegidas – o Brasil todo tem – cada uma com suas especificidades e bioma – de forma responsável e ajudar na geração de renda de comunidades do entorno, a partir do turismo e na conservação, por meio de atividades de Educação Ambiental orientadas. 

‘Banhos de parque ou de floresta’, que são caminhadas, imersões de aprendizagem e contemplação, também são recomendados como antidepressivos, pois baixam os níveis de estresse, devido benefícios físicos e mentais, melhorando o humor, aumentando a energia e acelerando processos de recuperação de doenças.

Em meus trabalhos (consultoria ‘Caminhos Coletivos: educação e gestão socioambientais’) realizo com o público, vivências diretas na natureza, que seguem estágios de desenvolvimento com atividades direcionadas, que conheceremos a seguir, baseados em Joseph Cornell: 

Estágio 1 – Despertam o entusiasmo e harmonizam a convivência em grupos e indivíduos, por meio da alegria e descontração com brincadeiras que estimulam superação de passividade, requerem atenção, estabelecem relações com líderes, criando envolvimento entre todos;

Estágio 2 – Concentram a atenção, favorecendo a receptividade e ampliação dos sentidos, pois canalizam o entusiasmo despertado no estágio anterior, acalmam a mente, desenvolvem a habilidade de percepção e receptividade para as próximas experiências;

Estágio 3 – É a experiência direta em si, com fomento à percepção, aos insights, em um processo de descoberta pessoal, de encantamento pela natureza, melhora nas relação entre as pessoas, ampliação da consciência de unidade que une todos os seres e cria postura não hierárquica entre as pessoas e a natureza;

Princípio 4 – Compartilhar a inspiração, de forma a criar vínculos, reforçar o sentido de união e de fortalecer experiências pessoais.   

Os sentimentos trabalhados nas vivências são mais encantamento, maravilhamento, alegria, paz e menos desconfiança, insegurança, medo, vulnerabilidade e fragilidade! Você não esquecerá jamais, garanto que sua vida pode mudar a partir dessas descobertas com ajuda dos recursos naturais!

A fotos inseridas neste texto são das atividades direcionadas citadas, entre crianças e adultos conectados em relações de afeto, no Parque Celso Daniel, Santo André, ao lado de avenidas bem movimentadas, mas um oásis de tranquilidade, bem-estar e propulsor de saúde particular e ambiental:

Experimente você também, ocupar a cidade e suas áreas verdes. Aposto que você não esquecerá mais e irá querer voltar!

Carolina Estéfano 

Bióloga e educadora socioambiental

carolinaestefano@hotmail.com

Caminhos Coletivos: educação e gestão socioambientais

Macromural de Pachuca de Soto: iniciativa para recuperação de espaço público e convivência comunitária

Pachuca de Soto, cidade localizada no estado mexicana de Hidalgo, tem seu relevo e a história de mineração bastante semelhantes a da cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Ambas têm um relevo bastante acidentando e tiveram como principal atividade econômica a mineração nos séculos XVIII e XIX.

O Macromural de Pachuca ou “Pachuca se pinta” foi uma ação desenvolvida por atores públicos mexicanos, em associação com um coletivo de artistas chamado Gremen Crew, no bairro da Palmitas entre 2014 e 2018. Foram pintados murais coloridos com a intenção de redução da violência. Ao todo são 40 mil m² (659 casas).

A iniciativa sem precedentes teve intuito de desenvolver a integração comunitária, bem como a reabilitação estética das residências por meio da arte, em um país marcado pela falência do Estado em resolver problemas sociais e o triunfo da violência vinda do narcotráfico (Opera Mundi).

Talvez a violência não tenha reduzido muito (há críticas neste sentido), porém um ponto positivo foi a percepção dos moradores sobre o bairro, antes segregado, agora um dos pontos turísticos de Pachuca.

A extensão do mural foi reconhecida pelo Guinness Book.

A política pública é explicada neste vídeo

Vídeo: ¡ENTÉRATE! Pintan gigantesco mural en un barrio en Pachuca, Hidalgo

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Palmitas, el barrio mexicano que combate la violencia con colores

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Voltando a Vi(ver) n_a Cidade

Há quase 3 anos atrás publicávamos o livro (Vi)ver n_a Cidade: Ocupações de Espaços Urbanos que reuniu todas as postagens realizadas no blog entre 2014 e 2015.

Será que muita coisa mudou nestes 4-5 anos?

Tivemos, em São Paulo, o fim do mandato do Prefeito Fernando Haddad; João Dória foi eleito, assumiu, apagou grafites, vestiu-se de gari e deixou a prefeitura para ser candidato ao governo do Estado.

Nacionalmente, tivemos um Impeachment, Temer, campanha eleitoral e a eleição de Jair Bolsonaro… 2019 começou com a posse de Bolsonaro e de seu ministério, composto por nomes como Paulo Guedes, Damares, Moro, Ricardos (Velez e o Salles) e um sem fim de notícias ruins.

Este cenário marca a continuidade de tempos de resistência por um país mais democrático… com isto surgiu a necessidade de voltarmos a compartilhar nossas reflexões neste blog, assim como, publicar textos, imagens ou vídeos de outras pessoas.

Veja como participar do Blog: CARTA AO LEITOR-INTERNAUTA-HABITANTE DAS CIDADES