Há quase quatro anos atrás publicávamos a primeira edição deste livro que reuniu as postagens realizadas no blog entre 2014 e 2015.
Será que muita coisa mudou nestes 4-5 anos?
Tivemos, em São Paulo, o fim do mandato do Prefeito Fernando Haddad; João Dória foi eleito, assumiu, apagou grafites, vestiu-se de gari e deixou a prefeitura para se tornar governador do Estado.
Nacionalmente, tivemos um Impeachment (golpe?), Temer, campanha eleitoral e a eleição de Jair Bolsonaro… 2019 começou com a posse de Bolsonaro e de seu ministério, composto por nomes como Paulo Guedes, Damares, Moro, Ricardos (Velez e o Salles) e um sem fim de notícias ruins. 2020, já no primeiro mês dá indícios de que não será nada fácil.
Este cenário marca a continuidade de tempos de resistência por um país mais democrático… com isto surgiu a necessidade de voltarmos a compartilhar nossas reflexões neste blog, assim como, publicar textos, imagens ou vídeos de outras pessoas. Ao longo de 2019, fizemos cinco novas postagens no blog que foram inseridas nesta segunda edição do livro.
Podemos
e devemos (!) ocupar o território de nosso entorno, de diversas formas, seja
nas áreas ‘concretadas’ ou nas áreas verdes, verdadeiros refúgios, como
parques, praças e até unidades de conservação inseridas nas cidades. Ocupar
significa ‘apropriar-se’, com cuidados de conservação, carinho e reconhecimento;
dessa forma, o vandalismo, por exemplo, pode ser um pouco freado.
Mesmo
na área urbana necessitamos (re)descobrir as áreas verdes, tão importantes para
nossa sobrevivência, sejam praças, parques, jardins ou até árvores plantadas
nas calçadas, que nos ofertam conforto térmico, frutos e belas flores com seus
perfumes, atração de fauna, como pássaros e insetos, e nos permitem ‘fugir’ do
caos cotidiano, em um processo de ‘esvaziar’ a mente de situações negativas,
florescendo, assim, boas sensações e ações de bem-estar e qualidade de vida.
Experiências
diretas em áreas verdes nos proporcionam sensação de bem-estar, afloram nossos
sentidos e percepções, tornando nossas vidas particulares e coletivas mais
dinâmicas, intuitivas, altruístas e conectadas com outras pessoas e outros
seres vivos, como as plantas, animais e fungos, em uma rede equilibrada de
ciclos, belezas, benfeitorias e respeito mútuo, além de aprendizado sobre as
características da área.
O
importante é curtir, repensar, planejar-se e/ou…silenciar, experienciar,
divertir-se, aprender, vivenciar, relaxar e interiorizar boas vibrações vindas
dos recantos, cantos e encantos da natureza!
Áreas de proteção ambiental, como Unidades de
Conservação, são refúgios com visitação controlada (acesso permitido com guias
ambientais apenas) em que há nascentes de rios, fauna e flora exuberantes e
belas paisagens. Como dica, perto de nós, no Grande ABC/SP, há em Santo André,
o ‘Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba’, na Vila de
Paranapiacaba, composto pelo bioma Mata Atlântica e nascentes que formam a
represa Billings, que abastece a região metropolitana de São Paulo. Vale
visitar qualquer uma dessas áreas protegidas – o Brasil todo tem – cada uma com
suas especificidades e bioma – de forma responsável e ajudar na geração de renda
de comunidades do entorno, a partir do turismo e na conservação, por meio de
atividades de Educação Ambiental orientadas.
‘Banhos
de parque ou de floresta’, que são caminhadas, imersões de aprendizagem e
contemplação, também são recomendados como antidepressivos, pois baixam os
níveis de estresse, devido benefícios físicos e mentais, melhorando o humor,
aumentando a energia e acelerando processos de recuperação de doenças.
Em
meus trabalhos (consultoria ‘Caminhos Coletivos: educação e gestão socioambientais’)
realizo com o público, vivências diretas na natureza, que seguem estágios de
desenvolvimento com atividades direcionadas, que conheceremos a seguir,
baseados em Joseph Cornell:
Estágio
1 – Despertam o entusiasmo e harmonizam a convivência em grupos e indivíduos,
por meio da alegria e descontração com brincadeiras que estimulam superação de
passividade, requerem atenção, estabelecem relações com líderes, criando
envolvimento entre todos;
Estágio
2 – Concentram a atenção, favorecendo a receptividade e ampliação dos sentidos,
pois canalizam o entusiasmo despertado no estágio anterior, acalmam a mente,
desenvolvem a habilidade de percepção e receptividade para as próximas
experiências;
Estágio
3 – É a experiência direta em si, com fomento à percepção, aos insights, em um processo de descoberta
pessoal, de encantamento pela natureza, melhora nas relação entre as pessoas,
ampliação da consciência de unidade que une todos os seres e cria postura não
hierárquica entre as pessoas e a natureza;
Princípio
4 – Compartilhar a inspiração, de forma a criar vínculos, reforçar o sentido de
união e de fortalecer experiências pessoais.
Os
sentimentos trabalhados nas vivências são mais encantamento, maravilhamento,
alegria, paz e menos desconfiança, insegurança, medo, vulnerabilidade e
fragilidade! Você não esquecerá jamais, garanto que sua vida pode mudar a
partir dessas descobertas com ajuda dos recursos naturais!
A fotos inseridas neste texto são das atividades direcionadas citadas, entre crianças e adultos conectados em relações de afeto, no Parque Celso Daniel, Santo André, ao lado de avenidas bem movimentadas, mas um oásis de tranquilidade, bem-estar e propulsor de saúde particular e ambiental:
Experimente você também, ocupar a cidade e suas áreas verdes. Aposto que você não esquecerá mais e irá querer voltar!
Pachuca de Soto, cidade localizada no estado mexicana de Hidalgo, tem seu relevo e a história de mineração bastante semelhantes a da cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Ambas têm um relevo bastante acidentando e tiveram como principal atividade econômica a mineração nos séculos XVIII e XIX.
O Macromural de Pachuca ou “Pachuca se pinta” foi uma ação desenvolvida por atores públicos mexicanos, em associação com um coletivo de artistas chamado Gremen Crew, no bairro da Palmitas entre 2014 e 2018. Foram pintados murais coloridos com a intenção de redução da violência. Ao todo são 40 mil m² (659 casas).
A iniciativa sem precedentes teve intuito de desenvolver a integração comunitária, bem como a reabilitação estética das residências por meio da arte, em um país marcado pela falência do Estado em resolver problemas sociais e o triunfo da violência vinda do narcotráfico (Opera Mundi).
Talvez a violência não tenha reduzido muito (há críticas neste sentido), porém um ponto positivo foi a percepção dos moradores sobre o bairro, antes segregado, agora um dos pontos turísticos de Pachuca.
A extensão do mural foi reconhecida pelo Guinness Book.
A política pública é explicada neste vídeo
Vídeo: ¡ENTÉRATE! Pintan gigantesco mural en un barrio en Pachuca, Hidalgo
Ocupar a cidade com intervenções tem sido o trabalho rotineiro de muitos artistas e anônimos. No fundo, o que eles e nós queremos é viver os espaços públicos, tomar o que é nosso, ocupar as ruas, transformar os muros, germinar bueiros, compartilhar o trânsito e (por que não?) fomentar todas essas ocupações pela e na internet – labirinto de ruas virtuais -, materializado na criação deste blog, que pretende mostrar perspectivas da arte, intervenções, comunicação e até mesmo dos grandes eventos, como Carnaval e Copa do Mundo, que também são formas de ocupação, de movimentos, de vibrações, de vida. Por meio do uso de fotos, vídeos e textos, pretendemos discutir a importância da ocupação dos espaços públicos, de que forma ela tem ocorrido, suas implicações na sociedade atual, as dificuldades encontradas pelas pessoas e artistas para essa ocupação e como os movimentos sociais têm se organizado para realizá-las e incentivá-las.
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Vamos falar de dados conhecidos, mas que são sempre bons de serem lembrados e reforçados: Mais da metade da população brasileira se autodeclara negra, preta e parda, segundo o IBGE. Somos os segundo país com maior população negra do Mundo. Mesmo assim, apenas 26 em cada 100 alunos das Universidades do País são negros e a cada 100 formados, menos de três são pretos, pardos ou negros. Para cada R$ 100 reais ganhos por um branco, um homem negro, com a mesma formação e função, recebe R$ 57,40 e a mulher negra, R$ 38,50. O levantamento é do portal informativo Rede Angola.
Sabendo de tudo isso, alunos do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), organizaram uma calourada, em 28 de março, para ocupar a Universidade com músicas, danças e manifestações culturais – elementos de resistência da população nega. A festa aconteceu em uma praça, rodeada pelo Teatro João Caetano, o Gabinete Real Português de Leitura, o Centro Cultural Carioca e o IFCS.
Para fortalecer a cultura e garantir o protagonismo de grupos negros, foram realizadas oficina, pelo grupo Afrolaje e rodas com dança popular afro, pelo movimento Jongo na Telha. As rodas, com jongo, funk, rap e capoeira, foram conduzidas por Darlene Santos, maranhense e cientista social formada pelo IFCS, que botou todo mundo pra requebrar… e tinha que rebolar meeeesmo!!
O mais legal desse evento do IFCS é que o negro e a cultura afro foram colocados como protagonista e festa serviu para discutir a importância de politicas que façam o negro ingressar e permanecer não só na UFRJ, mas em todas as Universidades brasileiras. A calourada, como toda ocupação de espaços públicos, foi uma ótima oportunidade de encontro entre as pessoas, para a troca de ideia e criação coletiva.
Ao fundo, o Gabinete Real Português de Leitura
Quando a roda “oficial” acabou, um participante do evento começou a dançar rap e foi seguido pelo restante da Calourada
Trecho do artigo”Intervenções urbanas como ferramentas de educação ambiental.
As intervenções urbanas são formas alternativas de ocupação dos espaços urbanos, porque ocupar uma cidade está além de morar nela, mas viver a vida em sociedade dentro desta “grande obra de arte dinâmica que é a cidade” e o desafio é recriarmos este espaço criado por nós (Ferraz, Abreu e Scarpelini, 2009). Segundo o geografo britânico David Harvey (2013): “A liberdade da cidade é, portanto, muito mais que um direito ao acesso àquilo que já existe: é o direito de mudar a cidade mais de acordo com o desejo de nossos corações” (p. 28). Neste sentido, a compreensão de que algumas intervenções públicas são resultantes de movimentos sociais, mesmo que por meio de ações individuais – como uma pichação, cartaz ou grafite -, segundo Harvey, deve-se ao fato de que “o direito à cidade não pode ser concebido simplesmente como um direito individual” (p. 32).
Sabe aqueles dias em que tudo parece não sair como o planejado? Então, em viagens esses dias também aparecem. A semana começou com eu tentando ir no museu Minnesota Historical Society, localizado em St. Paul, capital de Minnesota, nos Estados Unidos. Depois de andar uns 20 minutos num sol de uns 30 C, descubro que o museu não abria de segunda-feira. Justo o dia que eu tinha ido. Mas recebi uma boa notícia: de terça-feira, depois das 17h, era free. Continuar lendo Durante o verão, Minnesota leva música e dança para museu→
O Estado de Minnesota, nos Estados Unidos, é friiiiiiio no inverno. Pra você ter uma ideia, em janeiro deste ano foi registrada a temperatura de -37°.C. Então, quando o verão começa e o sol aparece, é hora de celebrar! E eles celebram ao melhor estilo: ocupando os espaços públicos. Continuar lendo É verão nos Estados Unidos: vamos celebrar!→